Um pouco do que é viver este problema: bipolaridade, ou distúrbio de humor bipolar, ou depressão bipolar, ou TAB - Transtorno Afetivo Bipolar, já foi chamado de psicose maníaco-depressiva.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Depressão & Religião

INTRODUÇÃO
Esse é um assunto que me é bem próximo.  Sou bastante religioso.  Mas devido a dificuldade com a bipolaridade tive várias crises.  Tais crises, hoje, eu chamaria de parte da caminhada espiritual.

Mas não é esse o objetivo deste post.  No final, eu falo qual a minha religião.  A questão é se a religião pode ajudar ou atrapalhar.  Acho que as duas coisas podem acontecer.

AJUDA OU ATRAPALHA?
Quando a religião serve como esteio, base de apoio, ela é muito importante.  Pois, para citar o exemplo extremo, há um alto índice de suicídio entre aqueles que sofrem com o Distúrbio de Humor Bipolar.  Falo por mim, pois foi na fé, no contato com Deus, que encontrei forças para continuar. 

E não estou desmerecendo e nem dizendo que não foi importante as outras formas de apoio.  Tanto que, em uma das postagens anteriores ("Remédios e ...") eu deixo bem claro que considero importante o apoio médico.  Penso também que o auxílio de psicólogos(as), a psicoterapia, ajuda muito.

Aliás, é justamente aqui que a religião pode atrapalhar.  Por ignorância (no sentido de falta de conhecimento mesmo) ou fanatismo, tem gente que diz "basta ter fé", ou que o problema é "falta de fé".  Olha isso é a pior coisa para alguém que é religioso ouvir pois faz a pessoa se sentir culpada.  E se sentir culpado por uma doença que se tem e que não se sabe exatamente as causas, cuja origem muitos estudiosos afirmam ser de origem genética, é algo que põe a pessoa ainda mais para baixo.  E isso é perigoso para alguém com depressão, pois agrava o quadro.  Aumenta a chance de suicídio, por exemplo.  Aliás, Jesus combateu a idéia de que as doenças das pessoas tinham sua origem nos pecados que elas tinham praticado, ou, pior ainda, que seus pais, ou ancestrais, haviam cometido.

E para piorar, muitos dessas pessoas de fé dizem ainda que não é necessário remédios.  E, assim, atrapalham o tratamento de quem precisa dele.  Pois, muitas vezes é alguém próximo dizendo isso.  Alguém em quem o doente confia: um familiar, um amigo, um padre, pastor, ...

PENSE BEM ...
Então, pense bem antes de dizer a alguém que a depressão da qual ela sofre é: "falta de fé".  Já foi comprovado cientificamente as mudanças no cérebro de quem tem depressão, ou seja, de quem está com este tipo de DOENÇA.  E perdoe aos ignorantes que disserem isso para você (muitas vezes eles querem ajudar, mas não sabem como).

MINHA FÉ
Acredito que a fé pode remover montanhas, como dizia Jesus.  Sou católico.  E acredito em milagres.  Ele, nosso Deus, pode curar qualquer doença: diabetes, câncer, ...  Mas isso não acontece o tempo todo.  (Você conhece alguém próximo que foi curado de alguma doença que os médicos consideram incurável?)  Rezo como naquela passagem, que também é um canto conhecido pelos católicos, "creio Senhor, mas aumentai minha fé".

DEPRESSÃO
Para finalizar, note que no título escrevi "depressão" e não bipolaridade porque acredito que o que digo serve para todos os que sofrem de depressão.

MANIA
Mas para os que passam por períodos de mania (= euforia) também pode ser positivo ter uma religião de esteio, de referência, para não fazer loucuras das quais iremos nos arrepender depois.

CIÊNCIA
Enfim, a ciência já comprovou por pesquisas, embora não saiba o porquê, que as pessoas que tem uma religião, uma fé forte, se recuperam mais rápido, ou enfrentam melhor, dificuldades de saúde.

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domingo, 11 de outubro de 2009

Moda, modismo ...

Coisa que incomoda é essa tal de moda.  Explico: acho que eu já comentei que tão receitando anti-depressivo pra tudo (seguido, isso sai na TV), e, pior ainda, tem muita gente tomando esse tipo de remédio sem indicação médica?!!!
O que falo é que como qualquer coisa virou "depressão", quem tem dificuldades sérias desse tipo é visto como mais um que reclama sem motivo.

O engraçado é que, mais de 20 anos atrás, quando um amigo meu teve uma crise depressiva (o diagnóstico, mais tarde, foi de bipolaridade), e isso não era conhecido, o problema é que isso era taxado de loucura (não que ainda não seja, infelizmente - sempre tem gente que tá disposta a julgar os outros por "achismo", ou prefere fazer de conta que não sabe para poder "descer o porrete" nos outros).

Hoje, como é comum a "tal depressão", quem realmente enfrenta problemas sérios deste tipo fica com dificuldade para mostrar o quão sério é o problema que enfrenta.

Ou seja, de qualquer jeito, quem tem dificuldades é que leva a pior: ou é louco, ou é mentiroso.  Para ajudar, tem aqueles que usam atestados para viajar, e outras maracutaias.  De novo, quem sofre é quem tem que se afastar do trabalho por problemas reais, mas que "não podem ser vistos a olho nu".

sábado, 10 de outubro de 2009

Remédios e ...

Bah (sou gaúcho!)! Tô melhor, voltei ao trabalho e não postei muita coisa nos últimos dias.

Mas tava pensando aqui sobre os ditos remédios.

CONVIVENDO COM A MEDICAÇÃO
Desde que descobri essa dificuldade de saúde, a bipolaridade (acho eu, pelo que me disseram alguns médicos - diagnóstico é uma coisa tão incerta), tive que aprender a conviver com remédios de uso constante.

Não é nada agradável: um pra levantar o humor, outro para não ir nas nuvens - explico: em momentos de euforia se perde a noção de limite, de perigo, se gasta mais do que a gente pode, ...  Mas é bem ruim ter tomar remédios que mexem no humor: fazem a gente ver a vida com menos cor.

EFEITOS COLATERAIS
E isso é só uma parte.  Os efeitos colaterais ...: dor de cabeça, tontura, boca seca, ... vai de mexer com a questão sexual a inúmeras outras coisas.

E ainda tem gente que acha que eu gosto de remédio?!!!  Quem dera poder jogá-los todos bem longe e não precisar mais deles!

A IMPORTÂNCIA DOS REMÉDIOS
Ao mesmo tempo, agradeço a Deus porque temos esses recursos.  De novo, explico: nesses 12 anos brigando com isso (sabendo disso, acho que as coisas são mais antigas um pouco, olhando para trás hoje) fiquei um ano e pouco sem remédios.  Parei com orientação médica.  Mas foi o suficiente para ver o quanto a vida pode ser pior, para quem precisa, se tiver que ficar sem esse tipo de apoio.

E sei de muita gente, com bipolaridade, com depressão, ... que parou os remédios, o tratamento, por conta.  Sofre não só a pessoa, mas todos os que convivem com ela.

AUTO-MEDICAÇÃO
E olha que sou totalmente contra auto-medicação e que quem não precisa tome remédios - especialmente antidepressivos.

COMENTÁRIO
Acabei de ficar bem colocado em um concurso, e sei que não estou 100% (se é que isso é possível, seja lá para quem for - com ou sem problemas de saúde).  Estudei quando foi possível, e o tempo que aguentava (por causa de dores de cabeça, ansiedade, ...).  Imagino que seria bem pior, sem apoio.

AGRADEÇO A DEUS, E AOS QUE SE DEDICAM A ISSO, PELA EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA!!!!  E QUE CONTINUE EVOLUINDO SEMPRE MAIS.

sábado, 19 de setembro de 2009

Eleição

Recebi de amigos a imagem abaixo e acho que seria muito bom se fizemos isso acontecer, especialmente depois da história do Sarney (sem falar de outras que ouvi na eleição para vereador em minha cidade: Passo Fundo - RS, onde um amigo meu, que, se tem seus defeitos, queria fazer algo de bom pela população e pela cidade - acredite quem quiser! - e viu a velha compra de votos com cestas básicas e ficou indignado; é triste, que no Brasil de hoje, seja mais fácil acreditar na compra de votos do que em um candidato que queira fazer algo de bom) - aliás, lia, ontem, que na sua defesa na tribuna ele se vangloriava de estar há 55 anos no Senado?!! Desde quando isso é defesa para alguém???!!!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Homens, mulheres, bipolaridade e nossa cultura

Me parece que a cultura brasileira, pelo menos como eu a vivo e observo, pode ser bem mais cruel com os homens, do que com as mulheres, que tem bipolaridade. 
Explico: estou me referindo as dificuldades que o TAB (Transtorno Afetivo Bipolar) podem provocar em relação ao trabalho (e, em geral, provocam).
É aceitável, culturalmente, que uma mulher seja sustentada pela família ou pelo marido, mas quanto ao homem isso já não é bem assim.
E não me refiro somente a forma como cada família lida com um membro cuja bipolaridade (dificuldade de saúde, só para repetir) atrapalha se desempenho profissional.  Refiro-me também a visão que a sociedade tem dessa situação.
Usando um exemplo de uma outra situação.  Hoje em dia, se o homem puder ter uma renda melhor em outro local para o qual tenham que se mudar, o casal pondera, e se resolverem fazê-lo, em geral, isso não gera maiores dramas sociais.  Cito, por exemplo, quando o homem passa em um concurso para juiz, diplomata, delegado, ...  A mulher acompanhá-lo, mesmo que tenha que deixar seu trabalho, é culturalmente algo aceito.  Não que isso seja fácil para as mulheres que tem que vivenciar esse fato - muitas vezes, se não houver concordância, o casal se separa.
Mas quando é a mulher que tem uma chance profissional em um outro local, que vale a pena para o casal, se a mudança exige que o homem deixe o seu trabalho, e o casal resolve ir, é possível ouvir afirmações como: a profissão deste homem é "gigolô".  Isso é preconceito (pré-conceito) puro (ouvi de alguém próximo e com bom esclarecimento - não vou citar).  (Quem falou isso, não falou com maldade, mas fica explícito a visão cultural que se tem disso.)
E, para encerrar, isso não é apenas algo externo, a cobrança interna que advém da cultura na qual estamos inseridos, quando temos dificuldade com o trabalho, é muito pesada - e repito: tenho a impressão de que é mais pesado para o homem.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

facilidade: intelectual, artística e/ou criativa

Em contraponto às dificuldades que citei no último post, parece que algumas coisas que podem ser consideradas positivas também são comuns a quem tem TAB.
Parece que também é comum uma grande facilidade na área intelectual e/ou de criatividade, o que aparece na parte artística, por exemplo (essa questão, da arte, não é o meu caso - risos -, pelo menos até agora), para quem enfrenta bipolaridade. Há quem cite Mozart, e outros artistas, e também intelectuais conhecidos do passado, como pessoas que pela forma como agiam (pelas informações que se tem) provavelmente eram bipolares (tanto que suas vidas pessoais era bastante instáveis: e aqui, para quem não entende, não se está falando de questões morais, mas de tristeza e inanição de um lado, e arroubos de muita energia para fazer muitas coisas em outros momentos - o que gera, muitas vezes, problemas nas relações pessoais).
E como dizia minha amiga, se mesmo com facilidade é difícil para nós algo como cursar uma faculdade, imagine se não fosse assim (se não tivéssemos facilidade alguma).
Outra coisa comum em relação as pessoas que enfrentam esse problema parece ser que elas tem uma grande sensibilidade para os grandes problemas que a sociedade que (n)os cerca sofre - e sofrem(os) com isso.
Embora, uma das coisas que mais aprendi, nesses doze anos convivendo com essa dificuldade de saúde foi compaixão: nunca se sabe que sofrimentos uma pessoa está passando. Nós, por exemplo, de tanto que se repetem os altos e baixos, nos tornamos especialistas em não mostrar o que se passa dentro de nós (estamos sorrindo quando, na verdade, estamos arrebentados por dentro - isso coloco como afirmação porque li em artigos de quem fez estudos com muita gente que enfrenta problemas de depressão crônica como TAB; um médico me indicou o site http://www.psiqweb.med.br/ que tem vários artigos interessantes).

deixar pra depois - procrastinação

Procrastinação é o mesmo que deixar pra depois, mas continuamente em relação a alguma coisa.
É uma dificuldade que tenho com relação a muitas coisas que tenho que fazer.
De novo, "trocando figurinhas" com minha amiga que tem dificuldade semelhante, parece que isso também é comum a quem tem TAB (Transtorno Afetivo Bipolar).
Difícil começar; os trabalhos de faculdade, por exemplo. Mais difícil ainda terminar, para quem é perfeccionista: nunca está bom.
Engraçado que na psicoterapia fui desencavar que eu me sentia como quem quer pular do sexto andar onde eu morava, já aos 12 anos, porque não conseguia terminar um trabalho de aula que tinha que entregar no outro dia. E olha que eu não tive maiores problema com notas no colégio, muito pelo contrário.
Queria poder citar uma situação em que uma professora me deu uma colher de chá sem a qual não sei se eu teria passado na disciplina dela naquele ano - mas quem vai ficar mal, nesse caso, é ela que me ajudou, então não vou entrar em detalhes. Mas, em suma, ela disse que como eu era um bom aluno, ela ia dar uma chance com um trabalho que ela deu o ano inteiro para fazermos.

conquistas - coisas positivas

Várias coisas consegui fazer, mesmo depois da primeira crise há 12 anos.
  • Passei num concurso para o Banco do Brasil onde trabalhei em torno de dois anos.
  • Terminei minha faculdade que interrompi alguns meses depois da primeira crise.
  • Passei em um concurso para a área administrativa da Polícia Federal, onde trabalho há uns quatro anos e meio.
Isso, pra citar as principais conquistas. Pois quem tem essa dificuldade sabe que não é fácil nada do que eu citei acima. Nem tanto passar nos concursos quanto conseguir continuar trabalhando a jornada diária, o que às vezes parece impossível. A imagem para uma analogia é de alguém que tem que empurrar um caminhão.
Nem uma das coisas que citei foram fáceis, nem foram feitas sem enfrentar várias dificuldades ligadas a bipolaridade, como faltas, e dificuldade para controlar a ansiedade para poder fazer os trabalhos da faculdade.
Eu trabalhei em hotéis. Em outros empregos, mal consegui começar e acabei parando.
Comecei uma pós, mas não concluí. Por vários motivos, um deles vou citar no próximo post, outro é a questão de que havia passado no último concurso que cito e não consegui fazer o trabalho de conclusão enquanto estava começando no novo trabalho - participei de todas as aulas e passei em todas as disciplinas no primeiro ano, o que não andou foram os últimos seis meses que eram para o trabalho de conclusão (a pós tinha um ano e meio de duração).
Comecei outras faculdades que não consegui levar adiante por vários motivos, praticamente todos ligados aos problemas com a bipolaridade. Pois a faculdade de Filosofia eu havia iniciado porque queria ser sacerdote católico. E os padres do grupo em que eu estava me disseram que não era bom para mim continuar. Mesmo que os profissionais que eles me apontaram para que pudessem ter um retorno, em Curitiba onde eu morava, tivessem dito que mesmo com alguma dificuldade não havia nada que impedisse de continuar naquela caminhada.
Hoje, vejo que os outros rapazes com quem eu convivia não conseguiam aceitar que eu tivesse "regalias", como não ser cobrada de forma tão veemente quanto eles se me atrasasse para a oração da manhã, às 6h15, antes do café, e da aula na faculdade que começava as 7h30 - morávamos a três quadras da universidade (PUC-PR). E isso era difícil de lidar para os padres que cuidavam do grupo.
Só para concluir de forma mais positiva, depois de sair do seminário tive várias namoradas. A maioria, se não todas, meninas muito legais e generosas - digo generosas porque enfrentaram muitas barras comigo, a bipolaridade é algo que vai e vem.

o ambiente afeta

Eu estava conversando por msn com uma amiga que tem a mesma dificuldade outro dia. Interessante algo que concordamos ser comum: funcionamos como "esponja". Explico: se as pessoas que estiverem ao redor estão de mal humor, preocupadas, nervosas, ... parece que a gente absorve isso, mesmo que as pessoas não abram a boca.
Não sei se isso acontece com todo mundo.
Mas vou contar uma situação interessante que ocorria comigo.
Eu lembro que antes da minha mãe se aposentar ela conseguiu voltar pras 40 horas no colégio (para se aposentar dessa forma, regras de aposentadoria da época - era já trabalhara 40 horas em outra época), mas ela trabalhava também na imobiliária, que ela e o meu pai haviam criado.
De forma que ela chegava muito cansada, irritada com toda aquela pressão de alunos e clientes.
O que eu lembro é que eu quando eu estava de bom humor, na sala, e minha mãe entrava pela porta da cozinha (a sala era ao lado da cozinha), mesmo não sabendo quem era, nem tendo visto ela ainda, meu humor mudava completamente - parece que eu absorvia no ar aquela irritação.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Noite X Dia

Eu disse (escrevi - rs) que voltava neste tema, vamos lá!
A primeira vez que li me chamou à atenção: fecha com a minha experiência.
Aí meu médico (que me acompanhava na época) repetiu.
Com quem tem depressão (e bipolaridade, nesse caso, não é diferente), ou está passando por isso (graças a Deus para muitos é um episódio único) se gasta toda a energia. E aí se leia "substâncias produzidas pelo cérebro". Explico: normalmente, a pessoa gasta energia, mas o organismo, na hora de dormir, guarda uma quantidade significativa para o que se poderia chamar (comparando com um motor) de "arranque" pela manhã - aquele "sair da cama" que exige uma energia danada. Quem está com depressão fica elétrico à noite e o organismo queima tudo, não guarda essa quantidade necessária para "pular de manhã". Assim, se torna difícil levantar.
Em geral, pra quem está com problemas deste tipo (depressão): levanta com um motor resfolegando (fazendo aquele "cof, cof") para tentar iniciar a funcionar de manhã, vai melhorando de tarde, e está com toda energia de noite - pelo menos foi que me explicaram e que li em vários artigos (quando der coloco alguma bibliografia aqui, mas posso citar como um dos melhores livros que li: Uma mente inquieta - de, ops! o nome é Kay Redfield Jamison, o testemunho da autora de sua convivência com a bipolaridade, uma vez que ainda não se conhece cura; e vários estudos apontam que atinge algo em torno de 1% da população).

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Folga (??!!!) - Que bom ... (??!!!)

Se você tem um trabalho e pode apresentar um atestado; ou tem que parar com o que está fazendo, ou não consegue fazer as coisas do dia-a-dia: bah! (como diz o gaúcho - rs), que bom! de folga!


Vou ficar no fato do atestado (que está mais perto de mim, no momento - sou servidor público): a sensação de ter que ficar parado e não trabalhar é horrível. Mas para quem está de fora parece ótimo.


Éh, não são coisas que se possa explicar para quem não passa por isso. (E ainda não quer ajudar com outras coisas ... - não QUER fazer nada. Como se explica que a doença é justamente falta de "vontade", de energia, para fazer as coisas? - seja o que se quer, seja o que não se quer mas é, ou seria, necessário fazer, tudo fica difícil - às vezes até a higiene pessoal como escovar os dentes ou fazer a barba - arg!) Conheço muita gente que achava um absurdo; até que teve um crise depressiva ...


Igualmente, ficar com vontade de ficar acordado noite a dentro, com energia de madrugada - e sem energia pela manhã, ao acordar (neste tema, eu volto).

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Aceitar …

Uma coisa difícil para quem passa por um problema de depressão, e quanto a bipolaridade é pior ainda, é aceitar que se tem uma dificuldade.  É pior com a bipolaridade porque nos momentos de euforia se está com toda energia: inclusive sem noção de limites, e ninguém quer aceitar que uma sensação de bem-estar possa ser um problema.
Posso comparar com outra que eu tenho: tenho que usar óculos, e fazer de conta que não preciso não vai me ajudar a enxergar melhor.
Certa vez eu ouvia, e acho que vem do AA (Alcoólicos Anônimos), que o primeiro passo para a cura é aceitar o problema.  O que não quer dizer passar o tempo todo em cima disso.  Mas sempre vai ter gente para julgar que é falta de vontade: “Faz um esforço, você consegue …”  Em relação a depressão, essa visão social é terrível, como bem falava a minha psicóloga: como se não fosse uma doença que te paralisa, que te incapacita, e sim simples e pura falta de vontade.
Esse tipo de preconceito porque não é uma perna cortada, que se pode ver, faz um mal danado.  Mais ainda se vier dos familiares.  E o pior, se você mesmo não aceita e não reconhece que tem um problema.
Muitos jogam, por conta, os remédios longe: e fazem da vida daqueles com quem eles convivem um inferno (não se faz mal apenas para si, mas para aqueles com quem convivemos, a quem amamos).
Como posso tomar vários remédios e ainda não aceitar?  Essa é uma questão interessante.   Gastar uma grana preta (médico, psicólogo, remédio, …) e ainda negar que existe uma doença de verdade (depois de 12 anos?!!).  Mas a gente cai nessa e se machuca: gera culpa, o que é horrível, porque suga a força que se poderia utilizar para caminhar em frente se aceitássemos o problema.
E, engraçado, que deixando, por um pouco, a minha história de lado, que já vi isso acontecer em situações diversas: pais que perderam um filho negando que estão depressivos e precisando de ajuda profissional, por exemplo.
Ah! Para quem não sabe, cientistas já conseguiram visualizar o cérebro humano em estado depressivo: e realmente fica diferente.  É uma doença catalogada, como a bipolaridade (TAB – Transtorno Afetivo Bipolar) e outras.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Voltando a postar – dificuldades no trabalho

*Se quiser ler só o essencial: leia o que está em azul.

Ontem, assistindo Faustão (onde eu estava, não tive escolha – rs; ainda bem que a companhia era boa) me ocorreu que se me organizasse para postar uma vez por semana (em vez de idealizar postar todo dia – me falta organização e disciplina – rs) meu blog funcionaria melhor.  Ou melhor, são dois blogs.

Hoje, está ocorrendo uma situação difícil (que não tem nada a ver com esse blog, ou melhor, tem porque tem a ver comigo – hehe) que não vou comentar ainda.  Então, vou deixar este “post” sobre um assunto é bem chato pra quem enfrenta problemas com depressão ou bipolaridade: a dificuldade dos colegas (de trabalho, em especial) de entender o que se passa

E não é pessoal com ninguém.  Trabalhei em vários locais diferentes nos últimos 15 anos (ou seja, desde que comecei a trabalhar em local que não fosse com a minha família – hehe).  Faz 12 que tive a minha primeira crise “braba”.  É complicado, afinal, muitas vezes nem a gente se entende (aliás, geralmente a gente não entende – se, para nós mesmos, fosse possível entender, talvez fosse possível fazer diferente).

É duro ser taxado de preguiçoso, incompetente ou irresponsável … quando os fatos utilizados para dizer isso são coisas das quais não se tem controle.  E isso, de não ter controle, ocorre mesmo tomando remédio e fazendo terapia.  Mas não é como um “corte na testa”, que se pode ver.  Embora, a ciência já tenha conseguido observar que a atividade cerebral é diferente quando alguém está com depressão.

Ainda vai ter gente dizendo “pra que tomar remédios e gastar com médico e psicólogo …” mas deixemos essa última frase pra uma próxima.  (Afinal, texto longo, em blog, é chato, não?!!)

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Quem sou eu

Acabei voltando atrás porque revelar meu nome pode gerar dificuldades para as pessoas que eu amo.  Mas é possível escrever para bipolaridadeeeu@yahoo.com.br
- Inclusive não estou num momento muito bom. Mas algo que me ajudou muito, neste tempo lutando com a bipolaridade, foi um livro de uma médica norte-americana que conta sua história. Ela escreve como vivenciou, e vivencia, esta dificuldade. Pois, pelo que sei, é um problema que tem controle, mas não tem cura.
Por hoje, abrir quem sou para quem conhece e para quem não conhece é o suficiente: nesta área - como em muitas outras - enfrentar o preconceito, muitas vezes, é pior do que enfrentar o próprio problema.

quarta-feira, 25 de março de 2009

e tudo começou ...

Um dia, trabalhando, no meio da faculdade, começo a não conseguir me organizar (não que eu seja muito organizado - hehe). Na sequência, minha cabeça parece uma bagunça. Um cansaço enorme também.
Sei lá o que é isso. Que sensação de mal estar.
Difícil ficar na aula. As vezes alivia, às vezes a sensação horrível me acompanha no trabalho.
Que raio que é isso?
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Sei que tem gente que perde alguém querido e fica bem mal - muito bem justificado.
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Mas não lembro de nada que fosse tão marcante.
Mas a sensação, especialmente a tristeza profunda que começa a tomar conta, e a falta de sentido nas coisas: isso acho que muita gente conhece. Parece brinquedo, mas se não erro acho que passa de 10%, ou seja, uma em cada dez pessoas, que enfrenta problemas com depressão. E há quem diga que todo mundo vai enfrentar isso em algum momento da vida.
É normal tristeza e alegria na vida, mas proporcional ao que nos acontece, e fazemos acontecer. Em excesso, ou na falta, de alegria, e até tristeza - a pessoa fica indiferente a qualquer coisa, e até as outras pessoas -, aí já é um problema.
Você já passou por isso?
Eu não duvido que sim.
Mas se não aconteceu contigo é possível que alguém perto passe por isso e não fale, até por medo do que vão pensar dela - não necessariamente você.
Eu que tenho falado sem medo a um bom tempo, ainda não tive coragem de colocar meu nome de forma pública neste blog(?!!!).
Mas agradeço a Deus que consigo enfrentar um dia depois do outro - e aprendi a aproveitar as pequenas alegrias que a vida nos dá todos os dias; especialmente, pelas pessoas com as quais convivemos. A coisa que o sofrimento mais ensina é não julgar os outros e aproveitar cada momento.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Ser bipolar ... eu

Vi o blog de uma menina e me serviu de exemplo, mas acho que estou sem coragem de pôr meu nome na internet no momento.

Tenho distúrbio de humor bipolar com o qual convivo há 12 anos.

Tem muito preconceito por aí.

Desde que me senti mais a vontade pra falar do assunto pude ajudar muita gente. Depressão é muito comum, a bipolar nem tanto - mas não é tão raro também.

Estou namorando, trabalhando, ... não sei se minha namorada ia gostar da minha exposição então vou começar de leve.

Descobrir esse tipo de problema e enfrentar é um desafio: remédios, sono, faculdade, trabalho, família, ...

Quem já conviveu com alguém com depressão sabe o quanto é difícil...

Mas não vou ficar me lamentando: apenas pretendo dividir experiências. E quem quiser participar: se sinta convidado.
 
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