Me parece que a cultura brasileira, pelo menos como eu a vivo e observo, pode ser bem mais cruel com os homens, do que com as mulheres, que tem bipolaridade.
Explico: estou me referindo as dificuldades que o TAB (Transtorno Afetivo Bipolar) podem provocar em relação ao trabalho (e, em geral, provocam).
É aceitável, culturalmente, que uma mulher seja sustentada pela família ou pelo marido, mas quanto ao homem isso já não é bem assim.
E não me refiro somente a forma como cada família lida com um membro cuja bipolaridade (dificuldade de saúde, só para repetir) atrapalha se desempenho profissional. Refiro-me também a visão que a sociedade tem dessa situação.
Usando um exemplo de uma outra situação. Hoje em dia, se o homem puder ter uma renda melhor em outro local para o qual tenham que se mudar, o casal pondera, e se resolverem fazê-lo, em geral, isso não gera maiores dramas sociais. Cito, por exemplo, quando o homem passa em um concurso para juiz, diplomata, delegado, ... A mulher acompanhá-lo, mesmo que tenha que deixar seu trabalho, é culturalmente algo aceito. Não que isso seja fácil para as mulheres que tem que vivenciar esse fato - muitas vezes, se não houver concordância, o casal se separa.
Mas quando é a mulher que tem uma chance profissional em um outro local, que vale a pena para o casal, se a mudança exige que o homem deixe o seu trabalho, e o casal resolve ir, é possível ouvir afirmações como: a profissão deste homem é "gigolô". Isso é preconceito (pré-conceito) puro (ouvi de alguém próximo e com bom esclarecimento - não vou citar). (Quem falou isso, não falou com maldade, mas fica explícito a visão cultural que se tem disso.)
E, para encerrar, isso não é apenas algo externo, a cobrança interna que advém da cultura na qual estamos inseridos, quando temos dificuldade com o trabalho, é muito pesada - e repito: tenho a impressão de que é mais pesado para o homem.